E se, na busca do pai desconhecido, descobrirmos, com sobressalto, que o preferimos ausente?
Um romance contemporâneo que nos faz acompanhar uma família em busca da sua
identidade. Uma história cravejada pelo trauma do abuso, a figura do predador,
a sombra do incesto. Um périplo romanesco contemporâneo que nos transporta numa
viagem com paragens tão dispares quanto Lisboa e Irlanda, África e Neve Shalom,
algures entre Israel e a Palestina. Tudo cabe em A Solidão de Sermos Dois, uma
obra da escritora lisboeta Maria João Carrilho, autora de livros como Praça do Império, com a chancela da Guerra e Paz Editores.
Ninguém é completamente bom nem completamente mau: o lema da protagonista
desta história. Eliza - Liza para os que ama – é uma jovem lisboeta que cresceu
sem conhecer as suas verdadeiras origens. O romance ganha forma, quando Liza se
depara com o desejo de querer encontrar o seu pai que nunca conheceu, à medida
que vai enfrentando os agoiros que a afetam a si, a Laura, a sua mãe e a Flora,
a sua tia.
Mas e se, na busca do pai desconhecido, descobrirmos, com sobressalto, que
o preferimos ausente? Para descobrir apenas é preciso virar a página.
O que é certo é que A Solidão de Sermos Dois já está a
despertar opiniões. Desde logo a do poeta António Carlos Cortez, que após a
leitura desta obra afirma: «Ao estado geral da arte do romance em
Portugal, Maria João Carrilho responde com um saber técnico da narrativa. Três
vozes femininas contam, dos anos 60 à atualidade, um modo de viver o tempo, a
memória e o amor, aceitando-se a lição do verso de Ruy Belo – na solidão
acompanhada vivemos».
Mas o verso do poeta e ensaísta português não é caso órfão, a autora inspira-se
ainda nas obras de David Mourão Ferreira, Amália Rodrigues e Carlos Tê.
Referências basilares para o trabalho de Maria João Carrilho neste livro a não
perder.
in Centro Naconalde Cultura